domingo, 5 de junho de 2011

PATRONO JOSÉ DE ANCHIETA







 
 09 de Junho
Dia Nacional de Anchieta foi criado oficialmente pelo decreto federal no 55.588, de 18/01/1965, e sancionado pela lei no 5.196, de 24/12/1966.
Por Sandra Pinho , historiadora e professora.

A data 9 de Junho de 1597 marca o falecimento, em Reritiba (Espírito Santo), de um homem religioso que dedicou a vida ao próximo, seguiu e divulgou os ensinamentos cristãos de maneira exemplar. Por seu trabalho dirigido à catequese, à educação e à fundação de hospitais e por muitos serviços prestados à população, José de Anchieta recebeu dos historiadores o título de Apóstolo do Brasil, inclusive foi beatificado pelo papa João Paulo II, em 1980.
Porém, tudo começou em 19 de março (dia de São José) de 1534 em São Cristóvão de Laguna, na ilha espanhola de Tenerife, localizada no arquipélago das Canárias onde nasceu José de Anchieta. Filho de família nobre, o pai: João de Lopes de Anchieta e a mãe, Mência Dias de Clavijo y Llarena. Aos 17 anos de vida foi enviado para estudar Humanidades em Coimbra (Portugal) aos cuidados de um amigo da família Inigo de Loyola (Inácio de Loiola, fundador da Companhia de Jesus).
Em 1553 acompanhando os jesuítas, na fase da Expansão Marítima e no contexto da Reforma Religiosa na Europa, chegou ao Brasil em 13 de julho. Estava com 19 anos, teve uma vida simples e dedicada a ensinar a mensagem cristã aos índios e “brasileiros” da colônia portuguesa. Podem-se perceber, tais características do seu cotidiano pelo trecho da Carta de Anchieta enviada ao amigo e incentivador Inácio de Loyola, em 1554:
"Aqui fizemos uma casinha pequena de palha, e a porta estreita de cana. As camas são redes que os índios costuram; os cobertores, o fogo, para o qual, acabada a lição à tarde, vamos buscar lenha no mato e a trazemos às costas, para passarmos a noite. A roupa é pouca e pobre, sem meias ou sapato, de pano de algodão... A comida vem dos índios, que nos dão alguma esmola de farinha e algumas vezes, mas raramente, alguns peixinhos do rio e mais raramente ainda, alguma caça do mato."
A curiosidade dos nativos, movidos pela novidade, colocou-os em contato com o cristianismo ao se aproximarem de José de Anchieta. Os índios repetiam as orações em português, eram batizados e catequizados. Havia também colonos portugueses (enviados para as capitânias com Duarte da Costa) e a casinha tornou-se um local mais amplo um “colégio”. Mais precisamente Planalto do Piratininga em São Paulo que em 25 de Janeiro de 1554 o padre Manuel da Nóbrega celebrou a primeira Missa, acompanhado por José de Anchieta.
José de Anchieta possuía uma habilidade lingüística impressionante: "...Era destro em quatro línguas: portuguesa, castelhana, latina e brasílica, e em todas elas traduziu em romances pios, com muita graça e delicadeza, as cantigas profanas que então andavam em uso..."Trecho do livro Chronica da Companhia de Jesus do estado do Brasil de Simão de Vasconcellos, S.J. - 1663
Sobre sua trajetória como pacificador há um episódio na Revolta dos Tamoios, em 1563. Estava sob a condição de refém dos nativos, junto com o padre Manuel da Nóbrega, usou do conhecimento do idioma dos tamoios e promoveu a conciliação entre ambas as partes (portugueses e nativos). Por terem arriscado as próprias vidas, os padres foram considerados emissários da paz. Durante o período de cárcere Anchieta escreveu, na areia da praia de Iperuí (hoje Iperoig), um poema à Virgem Maria, com mais de quatro mil versos. Memorizou-os e transcreveu-os, depois do fim do conflito. Segue-se um trecho do referido poema:
"Da Virgem Santa Maria Mãe De Deus".
Dedicatória da obra:
Eis, ó mãe toda santa, o que outrora eu em verso
te prometi com voto, entre o gentio adverso.
Enquanto ao cru Tamoio abrandei co'a presença,
e tratei, qual refém, a obra da paz suspensa,
teu favor me acolheu com afeto tão caro
que alma e corpo guardou, sem culpa, teu amparo.

A inspirações de Deus, almejei mil cansaços,
cruelmente expirar, preso por duros laços.
Mas minh'ânsia sofreu a repulsa irrisória,
porque só os heróis compete tanta glória!

(ANCHIETA, José de, S.J, pe.. Poema da bem aventurada mãe de Deus. Petrópolis: Loyola.v.2. p.253).
"Oú tubixá katú
mamó suí nde reká,
nde pópe imeengatú.
Aroporaséi serú
xe abé, xe anametá."
Tradução:
"Veio cacique valente
de longe a te procurar
e às tuas mãos se entregar.
Também trago meu parente
para comigo dançar
Poema do Padre José de Anchieta escrito da língua tupi - "Oú Tubixá Katú"
Alguns cargos e funções que Anchieta teve:
·         1570 reitor do Colégio do Rio de Janeiro.
·         1574 em São Vicente iniciou a catequese dos tapuias.
·         1577 foi nomeado provincial dos jesuítas no Brasil, cargo que exerceu até 1588. Visitou os colégios de Olinda, Reritiba (hoje Anchieta no Espírito Santo), Rio de Janeiro, Santos, São Vicente, Itanhaém e São Paulo. Foi nomeado Superior do Colégio da Vila de Vitória e de quatro aldeias.
·         1595 escreveu Arte da gramática da língua mais usada na costa do Brasil, a primeira gramática do Tupi - Guarani. Os seus métodos de ensino foram adotados durante muitos anos nas escolas dos jesuítas brasileiros.

Fontes :
http://www.brasilescola.com.br acesso: 07/05/2011 14h

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